'Peixe-robô' é potencial arma da ciência contra a poluição marítima
Nas águas rasas do porto de Gijón, no norte da Espanha, um peixe grande e amarelo atravessa as ondas. A cena seria comum se o peixe não fosse feito de fibra de carbono e metal.
Trata-se do robo-fish (peixe-robô), a mais recente arma da ciência contra a poluição marítima.
De forma autônoma, o equipamento rastreia contaminação nas águas e notifica agentes na costa. Na Espanha, diversos robo-fish estão em fase de testes, para avaliar sua capacidade em se tornar futuros "guardas" marinhos. Luke Speller, cientista-sênior de pesquisas do BMT Group, de consultoria em tecnologia, explica:
— A ideia é monitorar a poluição em tempo real, para que, se alguém despejar químicos (na água) ou se houver algum vazamento, possamos agir imediatamente, descobrir a causa do problema e impedi-lo.
A empresa é parte do consórcio Shoal, um grupo financiado pela Comissão Europeia (braço político da UE) para desenvolver os robôs.
— No momento, nos portos, eles estão obtendo amostras (da água) uma vez por mês.
Inspiração na natureza
O robô, que mede 1,5 metro, é maior do que um peixe real, mas imita seus movimentos. Ian Dukes, da Universidade de Essex, que também faz parte do consórcio, conta:
— Ao longo de milhões de anos, peixes evoluíram para um formato hidrodinâmico, e tentamos copiar isso no robô. Sua barbatana é muito útil em águas rasas, especialmente em locais com muitos dejetos.
O aparelho usa um banco de dados de microeletrodos para identificar a contaminação, incluindo metais pesados como cobre, além de monitorar os níveis de oxigênio e sal na água.
Os testes em curso em Gijón visam ajudar os cientistas a finalizar o design dos robôs. A expectativa é poder comercializá-los nos próximos anos.
— No futuro, também queremos que os robôs sejam capazes de fazer várias tarefas, como buscas e resgates, monitoramento de mergulhadores, ao mesmo tempo em que investigam a poluição.
Custos e obstáculos
Os protótipos custam atualmente o equivalente a R$ 60 mil reais, mas Speller diz que esse custo deve baixar se o equipamento puder ser produzido em maior escala.
A bateria é um obstáculo importante: no momento, o robô tem de ser recarregado a cada oito horas.
Para Richard Harrington, da Sociedade de Conservação Marinha, se o equipamento superar esses desafios, pode ser uma arma importante.
— Portos e estuários são locais de difícil monitoramento de poluição, porque em geral há um longo período de tempo entre a coleta de amostras e a análise de laboratório. Um aparelho operado remotamente pode ser despachado rapidamente em ambientes de água rasa, permitindo uma resposta rápida para que se tomem decisões mais rápidas.
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