'Peixe-robô' é potencial arma da ciência contra a poluição marítima

24-05-2012 14:40

robo peixe

 

Nas águas rasas do porto de Gijón, no norte da Espanha, um peixe grande e amarelo atravessa as ondas. A cena seria comum se o peixe não fosse feito de fibra de carbono e metal.

Trata-se do robo-fish (peixe-robô), a mais recente arma da ciência contra a poluição marítima.

De forma autônoma, o equipamento rastreia contaminação nas águas e notifica agentes na costa. Na Espanha, diversos robo-fish estão em fase de testes, para avaliar sua capacidade em se tornar futuros "guardas" marinhos. Luke Speller, cientista-sênior de pesquisas do BMT Group, de consultoria em tecnologia, explica:

— A ideia é monitorar a poluição em tempo real, para que, se alguém despejar químicos (na água) ou se houver algum vazamento, possamos agir imediatamente, descobrir a causa do problema e impedi-lo.

A empresa é parte do consórcio Shoal, um grupo financiado pela Comissão Europeia (braço político da UE) para desenvolver os robôs.

— No momento, nos portos, eles estão obtendo amostras (da água) uma vez por mês.

Inspiração na natureza

O robô, que mede 1,5 metro, é maior do que um peixe real, mas imita seus movimentos. Ian Dukes, da Universidade de Essex, que também faz parte do consórcio, conta:

— Ao longo de milhões de anos, peixes evoluíram para um formato hidrodinâmico, e tentamos copiar isso no robô. Sua barbatana é muito útil em águas rasas, especialmente em locais com muitos dejetos.

O aparelho usa um banco de dados de microeletrodos para identificar a contaminação, incluindo metais pesados como cobre, além de monitorar os níveis de oxigênio e sal na água.

Os testes em curso em Gijón visam ajudar os cientistas a finalizar o design dos robôs. A expectativa é poder comercializá-los nos próximos anos.

— No futuro, também queremos que os robôs sejam capazes de fazer várias tarefas, como buscas e resgates, monitoramento de mergulhadores, ao mesmo tempo em que investigam a poluição.

Custos e obstáculos

Os protótipos custam atualmente o equivalente a R$ 60 mil reais, mas Speller diz que esse custo deve baixar se o equipamento puder ser produzido em maior escala.

A bateria é um obstáculo importante: no momento, o robô tem de ser recarregado a cada oito horas.

Para Richard Harrington, da Sociedade de Conservação Marinha, se o equipamento superar esses desafios, pode ser uma arma importante.

— Portos e estuários são locais de difícil monitoramento de poluição, porque em geral há um longo período de tempo entre a coleta de amostras e a análise de laboratório. Um aparelho operado remotamente pode ser despachado rapidamente em ambientes de água rasa, permitindo uma resposta rápida para que se tomem decisões mais rápidas.

© Copyright EBW 2012 - Todos os direitos reservados.